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Eletroacupuntura PENS e TENS

Eletroacupuntura PENS e TENS

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Resumo. O emprego de corrente elétrica para o tratamento da dor é muito antigo. Na atualidade o PENS (estimulação elétrica percutânea), a eletroacupuntura,  (EAC) e o TENS (estimulação elétrica transcutânea), são as eletroterapias aprovadas para tratamento clínico da dor. No PENS os eletrodos de agulha são colocados profundamente nos tecidos enquanto na TENS eles são superficiais. No PENS o mecanismo se dá por estimulação de fibras A-delta enquanto na TENS fibras A-beta. Na prática, TENS, PENS e EAC são executados de forma similar, mas com mecanismo diferente, estas terapias podem ser associadas. Em virtude de produzir uma analgesia de grau moderado e com muito pouco efeitos adversos, o PENS, vêm apresentando resultados significativos em um número importante de condições dolorosas crônicas, incluindo dor lombar, ciatalgia,  enxaqueca, cefaléia tensional e por último a neuropatia diabética dolorosa, tratamento este recomendado pela academia americana de neurologia.

Diferença entre PENS e TENS. O emprego de corrente elétrica para o tratamento da dor é historicamente muito antigo, datando do Egito, onde se utilizava estimulação com peixe elétrico. Atualmente o método mais popular de tratamento com corrente elétrica é a TENS (ou TNS), termo proveniente da língua inglesa, significando transcutaneous electric nerve stimulation, que traduzido para o português significa estimulação elétrica transcutânea. A sigla PENS  advém do termo inglês percutaneous electrical nerve stimulation, significando em português eletroneuroestimulação percutânea. Trata-se de uma técnica de neuromodulação que aplica corrente elétrica alternada, similar aquela do TENS, mas de menor amperagem e através de agulhas de acupuntura inserindo-as profundamente em acordo com a inervação do local comprometido.

Para exemplificar (figura 1), no tratamento da dor lombar, os eletrodos do TENS são colocados na pele sobre a musculatura lombar, e no caso do PENS, as agulhas são inseridas profundamente na musculatura ao lado da coluna (paravertebral), em todos o parcialmente entre os dermátomos de L2 a S3 (White PW., 1999).

Outras diferenças entre PENS e TENS e que enquanto no PENS as agulhas penetram tecidos profundos abaixo da pele e do tecido tecido gorduroso, possibilitando estimular terminais nervosos em planos profundos; por outro lado na TENS a estimulação é superficial (figura 2). Também a TENS estimula mais fibras nervosas tipo A-beta, enquanto a PENS e a EAC fibras A-delta. Pelo exposto TENS, PENS e EAC são terapias complementares que adicionam estimulação superficial e profunda envolvendo fibras A-beta e A-delta; desta forma, estas terapias podem ser utilizadas conjuntamente e inclusive associadas à acupuntura e agulhamento de pontos gatilho

Os eletrodos de agulha e de superfície são estimulados por 20-30 minutos, podendo estimular todas aquelas presentes na figura 1, ou parte delas; no TENS também pode-se usar mais eletrodos assim como eletrodos maiores. Posteriormente os eletrodos de superfície e de agulha, são plugados em cabos elétricos, e ligados em uma corrente elétrica alternada. No caso do PENS e EAC utiliza-se uma estimulação com 2 tipos de freqüências, uma alta e outra baixa tais como 15/30 Htz, durante 30-45 minutos.

Diferenças entre PENS e EAC. A EAC é uma técnica similar ao PENS sendo originária da medicina chinesa enquanto o PENS fundamenta-se na neurociência ocidental. Em termos bastante maliciosos, poderíamos dizer que os neurocientistas ocidentais utilizaram-se da acupuntura como método estabelecido pelos chineses, e montaram uma técnica com conhecimentos anatômicos mais sólidos que aqueles da medicina chinesa. Além de empregarem estimulação de agulhas de acupuntura, PENS e EAC utilizam equipamentos similares (estimulador, cabos, garras), e têm um mecanismo de ação também similar. A estimulação por EAC e PENS de baixa freqüência promove a liberação de encefalina e endomorfina e a estimulação de alta freqüência da dinorfina (Bowsher D., 1998).

A principal diferença entre EAC e PENS é quanto aos pontos a serem estimulados em cada tratamento. Na EAC (criada pelos médicos chineses) estimulam-se pontos relacionados aos meridianos, os órgãos internos (zang fu), os 5 elementos, o yin e o yang etc. No PENS (baseado em neurociência), as agulhas são inseridas em pontos segundo a inervação do local comprometido, ou seja, os dermátomos, miótomos, as cadeias musculares funcionais etc (figura 2). Esta diferença é explicável pois os médicos chineses antigos não conheciam a neurociência profundamente.

Qual a Aplicação Clínica do PENS. Por produzir uma analgesia importante, ter poucos efeitos adversos e baixo custo, PENS e a EAC podem ser utilizado como uma analgesia adjuvante aos opióides, antiinflamatórios hormonais e não hormonais, possibilitando uma redução importante na dose e número de medicamentos utilizados. O PENS vêm apresentando evidências significativas no tratamento de vários tipos de dor crônica (Ahmed et al., 1998a & 1998b) conforme discriminados abaixo.

  • Em cefaléias do tipo enxaqueca, cefaléia tensional e cefaléia pós traumática  (Ahmed HE et al., 2000)

  • Na dor lombar crônica (White PF et al., 2000)

  • Nos casos de dor lombar ciatalgia (Ghoname EA et al., 1999 & 2000)

  • Na neuropatia diabética (Hamza MA et al., 2000)

Qual o risco destas terapias ? Tanto o PENS quanto a EAC são procedimentos com normas de segurança bem estabelecidas e quando executados dentro destas normas, os riscos de complicação são mínimos (Cummings M., 2011). Uma indicação importante do PENS é no tratamento da neuropatia diabética dolorosa, tratamento este recomendado pela Academia Americana de Neurologia (AAN) e baseado em evidências (Hamza MA., et al 2000). Neste tratamento, as agulhas são inseridos e estimuladas na perna e no pé, em pontos cobrindo os territórios dos nervos peroneal e tibia. Em geral o tratamento com PENS proporciona melhora importante na dor, no sono e na atividade física e adicionalmente permite redução no consumo de analgésicos comuns e opióides

Referências

Ahmed HE, White PF, Craig WF, et al., Use of percutaneous electrical nerve stimulation (PENS) in the short-term management of headaches. Headache 2000; 40 : 311-5.

Ahmed HE, Craig WF, White PF, et al., Percutaneous electrical nerve stimulation: A alternative to antiviral drugs for acute herpes zoster. Anesth Analg 1998a; 87: 911-4.

Ahmed HE, Craig WF, White PF, Huber P. Percutaneous electrical nerve stimulation (PENS): A complementary therapy for the management of pain secondary to bony metastasis. Clin J Pain 1998b; 14 : 320-3.

Cummings M. Safety aspects of electroacupuncture. Acupunct Med June 2011; 29: 82-85

Ghoname EA, Craig WF I White PF, et al., Percutaneous electrical nerve stimulation for low back pain: a randomized crossover study. JAMA 1999; 281 : 818-23.

Ghoname EA, White PF, Ahmed HE, et al., Percutaneous electrical nerve stimulation (PENS): An alternative to TENS in the management of sciatica. Pain 1999; 83 : 193- 9.

Hamza MA, White PF, Craig WF, et al., Percutaneous electrical nerve stimulation (PENS): a novel analgesic therapy for diabetic neuropathic pain. Diabetes Care 2000; 23 ; 365-70

White PF, Craig WF, Vakharia AS, et al., Percutaneous neuromodulation therapy: Does the location of electrical stimulation effect the acute analgesic response? Anesth Analg 2000; 91 : 949-54

White A. Acupuncture and electroacupuncture analgesia. In: Filshie J & White A.  Medical Acupuncture a Western Scientific Approach. Churchill Livingstone (1998) pp 186-214

 

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