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Nervo Ulnar: Compressão na Mão (canal de Guyon [NUCG])

Nervo Ulnar: Compressão na Mão (canal de Guyon [NUCG])

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Resumo. A compressão do nervo ulnar na região do punho e mão, ou neuropatia no canal de Guyon (NUCG) é a neuropatia mais comum do nervo ulnar após a neuropatia do cotovelo. Os principais fatores de risco são a anatomia do local associada a pressão externa sobre o punho em atividades repetitivas tais como voleibol, açougueiros, ciclismo, uso frequente de alicate (eletricista) etc. Os principais sintomas em geral são dolorimento, dor, adormecimento, agulhamento e formigamento nos dedos mínimo e anular. Além dos dados clínicos, o diagnóstico da SCG é confirmado pela eletroneuromiografia e exames radiológicos. Em geral os casos relacionados a compressão externa melhoram com o tratamento conservador, minorando a pressão externa no punho e mão. As indicações cirúrgicas são para casos secundários, nos quais os exames radiológicos evidenciam lesão focal como fratura lipomas, anomalias muscular, cistos etc.

O que é a NUCG. A compressão do nervo ulnar em sua passagem pelo canal de Guyon (situado na base da mão), é a neuropatia ulnar mais frequente após a compressão no cotovelo. O nervo ulnar se origina (figura 1) das raízes de C8 e T1 da medula cervical, passa pelo plexo braquial, antebraço, braço e chega á mão onde atravessa o CG. O nervo ulnar trafega pelo CG tendo por assoalho os ossos pisiforme e hamato (conectados por um ligamento), e após o CG o nervo se bifurca em um ramo sensitivo para o dedo mínimo e a metade do dedo anular e um ramo motor para os pequenos músculos da mão.

Os mecanismos da NUCG assemelham-se a síndrome do túnel do carpo (STC) e da neuropatia do nervo ulnar no cotovelo (NUC), podendo inclusive haver coexistência destas. A causa mais importante NUCG é pressão externa repetitiva aplicada sobre a base da mão,  fato que ocorre rotineiramente em atividades manuais como açougueiro, britadeira, uso de alicate por eletricistas, bicicleta, bengalas, muletas, voleibol etc. Em ausência de tais atividades, pode pode ocorrer uma NUCG secundária a lesões fechadas como lipoma, anomalia muscular, cistos etc, e, aquela por lesões abertas como ferimentos por arma de fogo, ferimentos penetrantes, etc.

Diagnóstico e prognóstico da NUCG. Diagnóstico refere-se aos meios clínicos e exames complementares que possam confirmar a neuropatia, o prognóstico, refere-se probabilidade da neuropatia evoluir com ou sem sequela (leve a severa). As NUCG são complexas (figura 2) , podendo ocorrer lesão na região proximal (A) até a distal do canal (BCD) do canal; estas neuropatias diferenciam-se da neuropatia do nervo ulnar no cotovelo pela preservação da sensibilidade no dorso da mão (ramo dorsal). Na forma forma proximal (figura 2A) ocorre perda de sensibilidade na base da mão (ramo sensitivo) e déficit motor (ramo motor profundo); nas formas distais (Fig 2A, B e C) pode ocorrer lesão isolada ou conjunta dos ramos superficial e profundo.

Os dados clínicos fatores de risco e trabalho manual repetitivo, são indícios de NUCG, mas, a diferenciação entre a neuropatia do nervo ulnar no cotovelo (NUC) e a NUCG pode ser difícil, uma vez que as manifestações são similares nas lesões proximais da NUCG. Neste caso a A ENMG permite localizar com mais precisão a lesão na mão, se proximal ou distal e por último qual a sua gravidade.  Embora a NUCG seja na maioria dos casos relacionada a compressão externa, exames de RX, ultrassom e ressonância magnética, permitem evidenciar lesões secundárias tais, como fraturas remotas, artrite, anomalia congênita, cistos etc. Caso não confirme a NUC, a ENMG deve determinar se os sintomas não são relativos a lesão do nervo ulnar no cotovelo (NUC), ou mais proximal (axila, plexo braquial e raiz de C8). Embora os recursos da ENMG na NUCG sejam menores que na NUC, é possível determinar a gravidade da lesão medindo-se amplitude distal e desinervação. Uma vez tratar-se de um ramo muito curto do nervo ulnar, a recuperação na NUCG é a regra a menos que exista compressão excessiva ou a lesão secundária seja muito severa

Tratamento conservador e cirúrgico da NUCG. Na maioria das NUCG a causa é a pressão externa sobre o nervo e medidas ergonômicas (no trabalho ou hobby) tipo mousepad no computador, protetores nos alicates, britadeiras e guidão de bicicleta, resultarão numa redução substancial dos sintomas; o uso de um splint de mão durante o sono (figura 4) e mesmo durante o dia é recomendado. Caso não haja melhora com o tratamento conservador em 3 meses, pode ser necessário uma avaliação das condições de ergonomia (trabalho ou do hobby), para indicar mudanças específicas nas atividades. Antiinflamatórios podem ser utilizados quando não houver contraindicação, salientando que estas medicações não são substitutos para as medidas ergonômicas citadas.

Por ser um nervo relativamente curto o prognóstico da NUCG relacionada a compressão é ótimo com tratamento conservador. A maioria das cirurgia executadas no CG são NUCG secundárias, ou seja, a lesões abertas por arma de fogo, arma branca (facas por exemplo) e para lesões fechadas evidenciadas na RNM e US (lipomas, anomalia muscular, cistos, etc).

Referências

Amato AA, Russel JA. Focal neuropathies of Upper extremities: Radiculopathies, plexopathies and mononeuropaties. In: Neuromuscular disorders, Ebook kindle, 2nd Ed, McGraw Hill , New York (USA) 2015: chap 23

Oh SJ. Nerve conduction studies in focal neuropathies. In: Clinical Electroneuromyography: Nerve Conduction Studies 3th Ed, LWW, Philadelphia (USA)   2002: pp 406-574

Kumar MV: Compressive and entrapment neuropathies of upper limbs In: Kumar MV. Essential orthopedics: principles and  practice, 1rd Ed,  Jaypee Brothers Medical Pub, New Delhi (India)  2016; chapter 07: pp 1696-1722

Wilbourn AJ, Ferrante MA. Upper limb neuropathies. In: Dick PJ, Thomas PK: Peripheral Neuropathy 4th Ed, Elsevier, Philadelphia (USA) 2005:  pp 1463-1487

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